Se não existe amor completamente seguro nem sexo completamente seguro, como é que podemos achar que na amizade estamos defendidos contra todas as incertezas? Conhecem este lugar-comum: deposito todas as esperanças nos meus amigos. Será verdade? Só mesmo se acreditarmos que a amizade é um bem acima do amor e do sexo. É uma tese possível, vulgarizada por quem enfatiza o carácter desinteressado da amizade por oposição ao lado compulsivo do amor e do sexo. E no entanto, se as coisas fossem assim tão claras, não seria razoável que toda a gente buscasse mais a amizade do que o amor e o sexo? Não seria então normal que as nossas dependências na amizade fossem mais inadiáveis e obrigatórias do que as nossas dependências amorosas e sexuais? Como sabemos, não é isso que acontece; ou acontece bastante menos do que o inverso. Estamos dispostos a tudo ou a quase tudo por amor e sexo; pela amizade, só o que não for desmanchar os outros dois. A amizade é sempre tudo o que resta.
Não há amor seguro nem sexo seguro nem, por razões essencialmente equivalentes, amizades seguras. Ninguém sabe o que vai acontecer. O que está muito longe de ser um mal, acabo aqui.
Não há amor seguro nem sexo seguro nem, por razões essencialmente equivalentes, amizades seguras. Ninguém sabe o que vai acontecer. O que está muito longe de ser um mal, acabo aqui.
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