Na taxonomia das amizades, os amigos dos amigos são talvez a categoria mais equívoca. Não são nossos amigos, mesmo por inerência, mas também não são meros conhecidos, daqueles que vemos de passagem na rua e agraciamos por polidez. Os amigos dos amigos deviam ser em teoria também nossos amigos. Por extensão, por lógica, pela natureza das coisas. Mas quase nunca é assim. E se na maioria dos casos os amigos dos amigos não passam para nós de completos estranhos é talvez porque aquilo que vemos nos nossos amigos é só uma parte ampliada do que eles são. Com algumas excepções, a amizade é sempre uma escolha selectiva, porque escolhemos os amigos contra outras pessoas mas também, coisa irónica, porque os escolhemos contra eles próprios.
28/09/2009
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