08/10/2009

Network society

A amigo B casado com C amigo de D inimigo de A apaixonado por E hostil a B.

Esta complicação de relações em rede é bastante comum neste tempo em que as nossas amizades se formam em primeira, segunda e, por vezes, terceira mão. E são sempre difíceis os dilemas éticos que daqui resultam.

Reparem que para proteger a segurança dos seus círculos pessoais, A, B e C enfrentam situações de óbvio desconforto. D e E são os perturbadores da série. Todos são obrigados a defender as suas relações contra mal-entendidos, danos indirectos, encontros evitáveis, ao mesmo tempo que estabelecem hierarquias racionais entre maridos, mulheres e amigos.

O resultado final acaba por ser um pouco este: C precisa de ser cuidadoso na sua relação com D de maneira a não atingir A e, por reflexo, também B. A é obrigado a gerir a sua relação com E, salvaguardando sempre a posição de B. E quanto ao próprio B, está metido entre duas frentes de tensão: A e C e A e E. Esse não tem um destino fácil.

Bem sei que isto parece um puzzle de peças que não encaixam. Nos tempos que correm, quando toda a gente está cada vez mais perto de toda a gente, a amizade deixou de ser uma experiência puramente individual, sujeita quando muito às regras do bom-senso. Tornou-se, digamos assim, uma técnica de gestão política. 

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