Como Tchekhov era escritor, sabia que tudo o que as pessoas dizem sobre o amor pode ser poetizado e enfeitado. (Se não existisse a ideia do amor, muitos talvez nem sequer se apaixonariam). Mas como também era médico, achava que só podemos perceber o sentimento amoroso individualizando e desfiando cada caso concreto.
No conto que tem o título "Sobre o Amor", Tchekhov escreve isso mesmo:
Uma explicação que, aparentemente, serve para um caso já não se aplica a dez outros, e o melhor, a meu ver, é esclarecer cada caso em separado, sem tentar generalizar.
Não há nenhuma razão para não aplicarmos o mesmo princípio à amizade. Podemos pensar que sendo a amizade naturalmente poligâmica as explicações e os sintomas tendem a repetir-se, superficiais que também são. Mas essa ideia é um erro. A amizade, tal como o amor, é sempre um caso concreto.
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