Não devemos esperar que a amizade seja uma convenção entre iguais. A amizade só pode ser uma experiência desequilibrada e anti-igualitária. Para não fracassar é preciso que duas pessoas aceitem, com tolerância e resignação, o seu lugar na hierarquia. Um mais inteligente do que o outro. Um mais bonito do que o outro. Um mais rico do que o outro. Se formos suficientemente lúcidos, tomaremos consciência dessas diferenças sem deixar que elas nos atinjam e sem nunca as exibirmos como arma. Faz parte da amizade manter certas reservas, certos silêncios.
O que sabemos melhor sobre a amizade é que nunca pode ser uma democracia. Quando muito, a amizade é uma aristocracia aberta, porque os aristocratas de uma amizade podem perfeitamente ser os camponeses de outra. Na amizade ninguém tem poder o tempo todo.
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