No sábado dei com um conhecido meu já não sei bem onde. Amigo de uma amiga, conheci-o uma vez à porta do teatro; falámos um bom bocado. Não fiquei com nenhuma opinião sobre ele. Mas reencontrei-o neste sábado e posso dizer que foi penoso. Vi que já não tinha muito para lhe dizer. Por mais que me esforçasse, não saía nada. E logo percebi porque estava eu ali num esforço meio-fundista lutando por uma frase e não aparecia nada: os meus 15 minutos de conversa com o sujeito tinham sido usados no dia em que nos conhecemos.
Andy Warhol antecipou em tempos que, na sociedade do espectáculo e da televisão, todos teríamos os nossos 15 minutos de fama. Eu acrescento que todos teremos também 15 minutos de conversa com cada ser humano que nos passar pela frente. Quinze minutos em que trocamos delicadezas, comentamos amenidades, fazemos perguntas catalogadas. E depois acaba o tempo. Ouvimos os acordes da despedida, ao mesmo tempo que alguém sugere um almoço que nunca se irá realizar.
É sempre difícil os nossos 15 minutos de vida social gerarem uma amizade. Ou hesitamos nós, ou hesitam os outros. Talvez porque aprendemos à nossa custa que a amizade não é um bilhete de ida e volta e ninguém quer arriscar um destino incerto.
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